Porque é que não ouço o meu próprio escárnio? Como sei de mim, do meu desfazer das horas paradas no meio do nada! Sei. E nesta consciência de nada valer insisto em falar às pedras já nem esperando marcá-las de vida própria, de sorrisos e versos de amor. Porque, a vida é um somar de nadas, um passar de sombras. Nada muda intrinsecamente, apenas o tempo e o espaço. Um sorriso é só um esgar, um movimento facial no tempo. A vida é uma imagem sorrateira nos meandros da morte. Um verso de amor é uma finta à inércia dos seres. Sei que nada mudará este vazio, este nada que sou, onde não caibo, mas de onde nunca me fui. Nesta incoerência me encontro e me sei desconhecida de mim, perdida no nada que me encontrou, desaparecida no meu próprio escárnio. Será que o escárnio é o meu verso de amor perdido? Aquele que cabe nos meus dias cheios de nada? De nada me valem os lábios para dizê-lo, que a palavra cai em cinzas nas sombras do vento e as folhas do meu livro seguem já o caminho do fim...
sábado, 11 de julho de 2009
Desaparecida em combate
Porque é que não ouço o meu próprio escárnio? Como sei de mim, do meu desfazer das horas paradas no meio do nada! Sei. E nesta consciência de nada valer insisto em falar às pedras já nem esperando marcá-las de vida própria, de sorrisos e versos de amor. Porque, a vida é um somar de nadas, um passar de sombras. Nada muda intrinsecamente, apenas o tempo e o espaço. Um sorriso é só um esgar, um movimento facial no tempo. A vida é uma imagem sorrateira nos meandros da morte. Um verso de amor é uma finta à inércia dos seres. Sei que nada mudará este vazio, este nada que sou, onde não caibo, mas de onde nunca me fui. Nesta incoerência me encontro e me sei desconhecida de mim, perdida no nada que me encontrou, desaparecida no meu próprio escárnio. Será que o escárnio é o meu verso de amor perdido? Aquele que cabe nos meus dias cheios de nada? De nada me valem os lábios para dizê-lo, que a palavra cai em cinzas nas sombras do vento e as folhas do meu livro seguem já o caminho do fim...
Desaparecido em combate
Estou aqui a conversar com a minha garrafa boca na boca. Ela sente-me na língua as palavras não ditas no amargo da tristeza que me vem do fundo. Foi só uma troca, um detalhe inútil e fútil, mas que leva as casas do tempo para deltas do desconhecido. Esta água que vou bebendo não me lava o que não chegou, nem substitui a dos meus olhos a escurecer no sentido contrário da madrugada que não acaba. Maldita espera dentro de mim. Qualquer dia apareço-me de repente já pronta para nadar na garrafa da desilusão e sair pelo gargalo da insanidade. Dizem que estou quase, mas um quase que já é, sem que mo digam. Será por pena, ou antes por escárnio, que é quase o mesmo, e mais certo que pedrada. Porque o silêncio é uma pedrada que se entranha na espera mais desesperada e mais alongada pela estratégia de quem quer sem querer. Engana-se o tempo saltando horários, rotinas. Um pouco mais. Está quase, é já ali, um som, um salto, um olhar, uma volta, espreitar, preparar, melhorar, sorrir, chorar, sorrir, ter fé, controlar, perder a força, querer sumir, desaparecer...estou quase lá, eu sei que estou quase e lá talvez te encontre....
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