domingo, 3 de outubro de 2010

coisas

há uma jurisprudência nas pedras
antigas como o fogo
ligam-nas o tempo de onde vêm
numa história calada e concertada
há um sentido no brilho
dos seixos lavados
como os olhos das cidades
que nos fitam
há um som que vem de longe
do fim dos espaços
galáxia das noites fundas
nebulosa pensante
que invade a multidão
dos mares.
há toda uma vida corrida
nos cravos da liberdade
das montanhas suspensas
nos céus
tudo é infinito e belo
nas mãos da grandeza dos sentidos
eu busco, porém além de tudo
a purpura prisioneira
do sangue das coisas
e certeza das pedras
aquém de mim.

corpo longo

Na rua das sombras te procuro
entrecortada de luz que oscila
nas paredes frias de vão escuro
um gosto a sal, gesso, argila

Corpo longo deslizando duro
tocando luas em branca fila
suspensa do nada em mim seguro
pela névoa enlaço a nua vila

E nada alcanço, cortado o gesto
desencontrada de mim, serei um
corpo sem voz, sem nome algum

Sou no vazio da solidão um resto
de rua perdida de amor nenhum
e que sem querer se perdeu num.