sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

à beira-fome plantado

Como te dizer da chuva, fora da vidraça, se ela me inunda os ossos e me tolhe o movimento na humidade dos olhos. Como te dizer do sol se ele se esconde na vedação dos pomares onde nunca cresci, nas searas que nunca colhi, na água que me roubaram quando nasci. Como te dizer dos outros se nem de ti mãe eu lembro sequer as mãos. Como te dizer do futuro se nem sei escrever os dias e o meu pai é uma pedra que nunca vi. Como te dizer do amor se o meu coração dispara balas de fome e se vende a qualquer nome. A ponte onde moro é uma janela trucidada e as vistas enferrujaram até aos longes da minha infância. Sou o meu país órfão à beira-fome plantado.

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