Se te perguntarem palavras diz que emudecemos
Porque queimámos a voz no corpo vivo
Derramámos os gestos e nos cedemos
Ao fim transitivo.
Se te perguntarem do amor diz que o que nos tece
Nasce da flor de fogo, do azul aventura
Do murmúrio encantado que acontece
Na canção ternura.
Se te perguntarem por nós diz que que nada somos
Só parte da noite, da brisa, da folha tremente
Que passámos, lutámos, ficámos e fomos
Como água corrente...
quarta-feira, 17 de junho de 2009
quarta-feira, 10 de junho de 2009
Pétalas
aqueles dias meus de primavera,
em que o céu se pintava cor-de-rosa,
em ramalhetes de sol subindo a era
de meus pés a teus lábios ansiosa...
aqueles dias tão ditosos a adejar
em mim em ti como aves de sol-pôr
horizontes de mar e neste olhar
em nós o universo e todo o amor…
aqueles céus cá dentro, madrugadas
de azuis, trementes de luz, alienadas
no sentido que adentra nossos fados
entoam juras, são bíblias assinadas
são pétalas de afecto, lapidadas
no brilho dos eternos namorados…
em que o céu se pintava cor-de-rosa,
em ramalhetes de sol subindo a era
de meus pés a teus lábios ansiosa...
aqueles dias tão ditosos a adejar
em mim em ti como aves de sol-pôr
horizontes de mar e neste olhar
em nós o universo e todo o amor…
aqueles céus cá dentro, madrugadas
de azuis, trementes de luz, alienadas
no sentido que adentra nossos fados
entoam juras, são bíblias assinadas
são pétalas de afecto, lapidadas
no brilho dos eternos namorados…
segunda-feira, 8 de junho de 2009
Silêncios de oiro
Eu olho-te nos olhos e sonho sem porquê
Com ramos de rosas, com sedas em festa
E tudo o que te guia, é um mar que se vê
Nos meus pés colhendo o vento e a giesta
E por onde vou, nem cardos, nem espinhos
Que de afecto abrigaste só para eu passar
E tenho a certeza que tu desejas sozinho
Recolher do céu o azul para mo entregar
Meu amor de cardos e espinhos, ausente
Meu nó de pedra, raro, meu imenso cais
Onde quero aportar, ser em ti catedrais
Abriga-te em mim, que eu em ti docemente
Usarei silêncios de oiro sem dor, e sem ais
E seremos o mundo, e no mais muito mais…
Com ramos de rosas, com sedas em festa
E tudo o que te guia, é um mar que se vê
Nos meus pés colhendo o vento e a giesta
E por onde vou, nem cardos, nem espinhos
Que de afecto abrigaste só para eu passar
E tenho a certeza que tu desejas sozinho
Recolher do céu o azul para mo entregar
Meu amor de cardos e espinhos, ausente
Meu nó de pedra, raro, meu imenso cais
Onde quero aportar, ser em ti catedrais
Abriga-te em mim, que eu em ti docemente
Usarei silêncios de oiro sem dor, e sem ais
E seremos o mundo, e no mais muito mais…
quarta-feira, 3 de junho de 2009
Passa aqui que amanhã é tarde
Não sei por que razão a minha rua me persegue os calcanhares e me faz calos na memória. A pele da consciência já anda meia enrugada e nem de binóculos entendo o silêncio dos girassóis que, nas esquinas, teimam em virar luas.
Nunca mais me lembrei de fazer a poda das unhas e de pintar de verniz os arranhões que faço nas tuas árvores. Elas têm suado tanto que bebem o luar para que as folhas se vinguem das sombras rasas das minhas raízes.
Tenho o cheiro do vazio no saber, porque escureci nas pedras e não encontro a minha porta, nem os meus ombros.
Podia acender um girassol para iluminar os meus sapatos pendurados no quarto minguante, mas não encontro o interruptor nas cortinas do tempo.
A monotonia do cinza atrapalha-me o indicador direito que já não remexe os macaquinhos do meu sótão, esse desvão desigual dos passos que não dou, não rodam, nem viram.
Andar na minha rua é perder os dias das noites e os meus reencontros são ocasos falhados em contagem crescente.
Não caibo mais em mim de esquecimento…
Entendes? Passa aqui, que amanhã é tarde…
Nunca mais me lembrei de fazer a poda das unhas e de pintar de verniz os arranhões que faço nas tuas árvores. Elas têm suado tanto que bebem o luar para que as folhas se vinguem das sombras rasas das minhas raízes.
Tenho o cheiro do vazio no saber, porque escureci nas pedras e não encontro a minha porta, nem os meus ombros.
Podia acender um girassol para iluminar os meus sapatos pendurados no quarto minguante, mas não encontro o interruptor nas cortinas do tempo.
A monotonia do cinza atrapalha-me o indicador direito que já não remexe os macaquinhos do meu sótão, esse desvão desigual dos passos que não dou, não rodam, nem viram.
Andar na minha rua é perder os dias das noites e os meus reencontros são ocasos falhados em contagem crescente.
Não caibo mais em mim de esquecimento…
Entendes? Passa aqui, que amanhã é tarde…
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