Não sei por que razão a minha rua me persegue os calcanhares e me faz calos na memória. A pele da consciência já anda meia enrugada e nem de binóculos entendo o silêncio dos girassóis que, nas esquinas, teimam em virar luas.
Nunca mais me lembrei de fazer a poda das unhas e de pintar de verniz os arranhões que faço nas tuas árvores. Elas têm suado tanto que bebem o luar para que as folhas se vinguem das sombras rasas das minhas raízes.
Tenho o cheiro do vazio no saber, porque escureci nas pedras e não encontro a minha porta, nem os meus ombros.
Podia acender um girassol para iluminar os meus sapatos pendurados no quarto minguante, mas não encontro o interruptor nas cortinas do tempo.
A monotonia do cinza atrapalha-me o indicador direito que já não remexe os macaquinhos do meu sótão, esse desvão desigual dos passos que não dou, não rodam, nem viram.
Andar na minha rua é perder os dias das noites e os meus reencontros são ocasos falhados em contagem crescente.
Não caibo mais em mim de esquecimento…
Entendes? Passa aqui, que amanhã é tarde…
quarta-feira, 3 de junho de 2009
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Acho que não conseguiria ter chegado mais rápido, ainda que não seja eu a pessoa por quem espera. Adorei o texto! Um beijinho.
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