há um nada burlesco cercador
na alma que se ri de si por rir
num tornar-se só do que hoje for
outro verso de dor por definir
outro canto já morto e perdedor
o tempo a rir gira um porém,
leva às costas uma bússola
e o chão de quem cai e não tem
prazo de sentir a grafonola:
esse nada que lhe resta e não tem cor
esta coisa ridícula de sentir - pior
este estado adentro de torpor - maior
esta dentridor de si a rir - o amor.
sábado, 24 de setembro de 2011
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
quadra para hoje
o uivílio varreja o lageiro
pairageado nas folheadas
mas nem gritadílios arrivam
nem escapitam orelhadas
pairageado nas folheadas
mas nem gritadílios arrivam
nem escapitam orelhadas
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
à beira-fome plantado
Como te dizer da chuva, fora da vidraça, se ela me inunda os ossos e me tolhe o movimento na humidade dos olhos. Como te dizer do sol se ele se esconde na vedação dos pomares onde nunca cresci, nas searas que nunca colhi, na água que me roubaram quando nasci. Como te dizer dos outros se nem de ti mãe eu lembro sequer as mãos. Como te dizer do futuro se nem sei escrever os dias e o meu pai é uma pedra que nunca vi. Como te dizer do amor se o meu coração dispara balas de fome e se vende a qualquer nome. A ponte onde moro é uma janela trucidada e as vistas enferrujaram até aos longes da minha infância. Sou o meu país órfão à beira-fome plantado.
quando me dá para escrever
há uma cidade louca dentro das palavras
que nasce prematura dentro de mim.
vou e quase chego já o dia vai a meio
e eu corro atrás mas a ponte é sem fim.
então vejo arder uma fogueira no contrário da sombra
que se move irada no canto das brasas,
e um rio que escorre na esquálida margem
de uns lábios que se abrem como asas.
e, ouço um sussurro, do que ao longe entendo,
eco de ideias que queimam crescendo,
e são os olhos, as mãos, as pernas correndo
à alta montanha do coração.
e há um sol que me aquece dos pés à razão
numa terra que se cobre de um verde liberto
onde pairam aves de infindas vitórias
e tenho árvores sempre novas num verbo desperto
lá no fundo da alma, à janela das memórias.
que nasce prematura dentro de mim.
vou e quase chego já o dia vai a meio
e eu corro atrás mas a ponte é sem fim.
então vejo arder uma fogueira no contrário da sombra
que se move irada no canto das brasas,
e um rio que escorre na esquálida margem
de uns lábios que se abrem como asas.
e, ouço um sussurro, do que ao longe entendo,
eco de ideias que queimam crescendo,
e são os olhos, as mãos, as pernas correndo
à alta montanha do coração.
e há um sol que me aquece dos pés à razão
numa terra que se cobre de um verde liberto
onde pairam aves de infindas vitórias
e tenho árvores sempre novas num verbo desperto
lá no fundo da alma, à janela das memórias.
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