quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

LUA












Esgueiro-me na madrugada
feita uma ingénua catraia,
no colo neve enlaçada,
nas mãos luar como alfaia.
Vou pratear pelas janelas
os sonhos por dentro delas.
Pela manhã ensaio o passo
nas pegadas que desfaço
no dia a alagar vielas…
Sou a Lua Tejo acima.
Louco enleio p’lo meu rio
que em cada esquina se anima
e se ateia em desvario.
Sopro Lisboa c’o a maré, nua,
suspirando em cada rua,
em cada estreia d'alvorada,
em cada gota à foz chegada,
porque o mar a anseia sua…
Sou também desta cidade
mulher, mãe que vela, encanta
todo o ente em liberdade
Sou da alma lume e manta.
Sou baixela de Lisboa,
consciência que povoa
cada mente enamorada.
Força e calma deslumbrada
Viagem com vento à proa…
Sou a Lua desfolhada
pelas mãos da madrugada…
Amor ao Tejo e a Lisboa
que o fado grato, apregoa…

2 comentários:

  1. Um poema que enaltece a tua terra sob o abrangente abraço do teu lume.
    Parabéns!

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  2. "LUA" Maravilhoso poema, o li calmamente e por entre essa vielas da poesia, me debrucei nas águas do Tejo e cá de terras distantes, revi Lisboa.
    Não sou porém a Lua desfolhada nem o Sol abrasador, sou apenas um fã de seus poemas um simples leitor.
    Adorei, um abraço amigo, de terras do Sião.
    António Cambeta

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